© Frédéric Strainchamps Duarte



Para a Internidade...





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O presente blog é como um catálogo onde se pretende reunir os seis de trabalhos  de Para a internidade, pensados a partir do contexto da Nouvelle Librairie Française (NLF) e ali expostos entre Maio de 2008 e Junho de 2009 [1]. As obras que se puderam ver — como se poderá constatar — tiveram formatos variados que foram  da intervenção e instalação, à  escultura, fotografia, e vídeo. O conjunto de artistas aqui reunido é ecléctico, cada um vindo de horizontes diferentes e com práticas distintas.

No decorrer da realização das diferentes exposições foi dado um mês a cada artista para ocupar e interagir com a NLF que se tornou assim num espaço laboratorial, tanto de um ponto de vista físico como de um ponto de vista mais abstracto e não menos palpável.  Alguns dos trabalhos  expandiram-se num ou mais espaços do Instituto Franco Português.

São aqui abordados diferentes temas decorrentes do que uma livraria pode sugerir. Uma livraria é de certa forma uma mercearia de alimentos e bálsamos para o espírito e o mental. É também um lugar de passeio que se presta a uma disponibilidade perceptiva e intelectual muito própria e em certos aspectos próxima da de um museu.

A internidade é um neologismo, uma palavra que não consta no dicionário e está portanto disponível para interpretações várias. Pode sugerir um espaço imaterial onde tudo pode acontecer de maneira mental mas não irreal; um espaço menos pessoal do que a noção de um interior subjectivo; talvez um arquivo imaterial e abstracto a que podemos aceder e explorar a partir de elementos concretos (um livro, um documento, um objecto, um local, etc...). No fundo uma rede não tecnológica e anterior à internet, imaginária e orgânica. Deslizamos assim de uma eternidade (obsoleta?) para uma indefinida e vasta internidade que foi moldada consoante a criação que albergou.

Foram estes os ingredientes com os quais se partiu para este projecto. Para a internidade... desdobrou-se de seguida nas diferentes propostas de cada artista que se tentam aqui devolver, na medida do possível. Fica assim aqui registado e disponível para consulta o resultado de conversas, reflexões, instigações no espaço da livraria, depois, de trabalho em atelier e, finalmente, opções de apresentação.

Este projecto foi pensado desde início como uma exposição colectiva faseada no tempo cuja plena realização só se encontra nesta reunião dos trabalhos que proporciona finalmente uma visão geral do evento mas à qual falta a indispensável materialidade das obras.


Catarina Marto, 2009

* Fotografias e textos © Catarina Marto, salvo quando indicado. 



[1] Todos os trabalhos  foram feitos para este projecto à maneira “site specific” ou contextual. Salvo as ultimas obras expostas, as de Sérgio Taborda, que foram um feliz encontro entre as peças “Peso para livro aberto” que procuravam uma livraria (seu habitat natural) para se exporem e o presente projecto que naturalmente as adoptou e assim se prolongou mais um mês.